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Seminário sobre o tema dará base para estruturação de Plano Regional que apontará caminhos para a qualificação de mão de obra nas sete cidades
Os desafios enfrentados diariamente por jovens estudantes que se preparam para ingressar no mercado e por profissionais que buscam recolocação, através da complementação de conhecimentos, são também preocupações entre gestores públicos, educadores e estudiosos das áreas de educação, desenvolvimento econômico e trabalho. A necessidade de integrar sistemas de ensino ao tecido produtivo, de repensar o modelo da educação oferecida aos profissionais e, de modo mais amplo, da estruturação de novas políticas públicas que contemplem o setor, foram alguns dos pontos destacados durante o Seminário Regional “Educação e Trabalho: uma articulação possível”.
No segundo e último dia de atividades, na manhã desta quinta-feira (03), o tema “Contextos: demandas e desafios da educação profissional” foi abordado por especialistas e profissionais da área. O técnico de planejamento e pesquisa do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) – Aguinaldo Nogueira, trouxe à mesa de discussões dados analisados da RAIS sobre o aumento da qualificação de profissionais entre 2003 e 2013 e o descompasso dessa evolução em relação à necessidade de pessoas mais qualificadas sendo absorvidas pelo mercado.
No período em questão, o grau de escolaridade dos trabalhadores brasileiros subiu 15%. Em contrapartida, a escolaridade exigida para ocupações cresceu apenas 2%. Razões foram apontadas para explicar o movimento, como uma possível sobrequalificação dos profissionais, a queda da qualidade do ensino ofertado ou a estagnação dos tipos de ocupações.
Para ilustrar o cenário, Nogueira afirmou que, em média, 20% dos jovens possuem mais anos de ensino do que a ocupação exige. “O Brasil vem experimentando o aumento contínuo da escolaridade dos trabalhadores no mercado formal. Pode ser que o setor produtivo não tenha passado pela transformação necessária para oferecer melhores cargos”, ponderou.
Na avaliação do diretor técnico do SENAI São Paulo, Ricardo Figueiredo Terra, o futuro da qualificação profissional está diretamente relacionado à ampliação das políticas públicas para a educação, desde sua base. “A educação profissional tem que estar vinculada à demanda. As articulações entre as políticas econômicas e de educação precisam se aproximar no campo estratégico do governo”, afirmou.
A segunda mesa de debates do seminário, moderada pelo secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Giovanni Rocco, contou com a participação do diretor da Escola do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e do Cursinho da Poli, Gilberto Alvarez Giusepone, que listou desafios a serem incluídos na pauta de debates de gestores do setor, como a necessidade de rediscutir a Lei Federal que instituiu o Pronatec, permitindo às Centrais Sindicais a prerrogativa de ofertarem demanda. Entre outros pontos, Giusepone também reforçou a importância de incluir a educação profissional na reformulação curricular da Educação Básica.
A diretora da FATEC Diadema, Priscila Praxedes Garcia Branco, falou sobre a experiência dos cursos de tecnologia em cosméticos ofertados pela Faculdade em Diadema. O projeto, iniciado em 2010, atendia à demanda do município, que à época contava com polo de cerca de 100 empresas no segmento.
Para encerrar as apresentações, o coordenador de Qualificação Profissional da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Jerônimo de Almeida Neto, fez a exposição de dados que constam no Guia da Educação Profissional e Tecnológica do Grande ABC, lançado na abertura do seminário pela entidade, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC.
De acordo com o levantamento, feito no 2º semestre de 2015, trabalhadores, empresas e estudantes da região do Grande ABC contam com 1.128 cursos em três diferentes níveis de educação profissional: Formação Inicial Continuada - FIC (cursos de curta duração, voltados às atividades operacionais); Cursos Técnicos de Nível Médio e Cursos Tecnológicos de Nível Superior.
Nas sete cidades, predominam as instituições privadas de ensino, com pouca participação do Poder Público na oferta de cursos. Apenas 14% das 122 escolas de Formação Inicial Continuada são públicas. Das 65 unidades que ofertam cursos técnicos de nível médio, 13% são públicas. Já em nível superior, apenas 14% das 34 escolas são públicas. A maior oferta na região é de cursos FIC, 989 no total.
A versão digital do Guia da Educação Profissional e tecnológica da região já está disponível para consulta no site da Agência GABC – www.agenciagabc.com.br.
Neto explicou que o tanto o Guia da Educação Profissional e Tecnológica do Grande ABC como o seminário regional são o primeiro passo no processo de construção colaborativa de diagnóstico sobre o assunto, que irá compor, futuramente, o Plano Regional de Qualificação Profissional. O documento reunirá informações sobre o que existe atualmente na região e traçará diretrizes da Educação Profissional para as sete cidades nos próximos anos.
(Com informações da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC)