Uma comitiva da prefeitura de Maputo, capital de Moçambique, visitou o Consórcio Intermunicipal Grande ABC nesta quinta-feira (8) para conhecer o Plano Regional de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos, que está em desenvolvimento, além do trabalho que já é realizado pelas prefeituras da região nesse setor. Representantes das áreas de saneamento de Santo André, São Bernardo do Campo, Ribeirão Pires e São Paulo, além de membros da Agência de Cooperação Internacional Japonesa - Japan International Cooperation Agency – JICA, que organizou a viagem dos africanos, também participaram do encontro.

O Diretor de Programas e Projetos do Consórcio, Hamilton Lacerda, apresentou o trabalho da entidade na área de saneamento e em outros setores. Ele lembrou que a formação da entidade regional ocorreu justamente por causa da necessidade de discussão acerca da destinação correta dos resíduos, tema prioritário para as prefeituras.

“Ao final da década de 1980, o único destino dos resíduos na região era um lixão em Mauá. Após a chegada de uma empresa, que fez lobby para que a prefeitura não aceitasse mais material das cidades vizinhas, houve uma grande confusão, que nos obrigou a pensar em uma solução para esse problema. Nesse momento surgiu a Câmara Regional do ABC, embrião do que viria a ser o Consórcio. Ou seja: a preocupação com resíduos sólidos já estava presente antes mesmo da nossa formalização”, explicou.

A engenheira ambiental e técnica de Programas e Projetos da entidade regional, Livia Rosseto, elencou os principais desafios e prioridades para a gestão dos resíduos sólidos no ABC.

“Temos um problema de falta de espaço para os aterros, porque grande parte da área do ABC fica no entorno dos mananciais, que são protegidos. Por isso buscamos as soluções de logística que minimizem os custos e otimizem o aproveitamento do espaço para ecopontos e centros de triagem”, disse.

Livia Rosseto deu detalhes também sobre o Plano Regional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que será concluído no início de 2016. “Os pontos principais do plano são o aumento da coleta seletiva, a destinação correta dos resíduos da construção civil e a educação ambiental junto à população. A ideia é nortear as políticas das prefeituras, porque nossas cidades são conurbadas, não se percebe as divisas e os problemas são comuns a todas. Cada uma tem o seu plano municipal, como previsto em lei, mas o plano regional é inovador, porque reúne demandas comuns”, ressaltou.

Além dos membros do Consórcio, integrantes da COOPCENT ABC - Cooperativa Central de Catadores de Material Reciclável – relataram os ganhos em rendimento e eficiência a partir da reunião de grupos de catadores da região que antes eram dispersos.

Aterro Municipal de Santo André

Depois da reunião no Consórcio, a comitiva de Moçambique conheceu o Aterro Municipal de Santo André, reconhecido como um dos melhores do Estado de São Paulo pela Companhia Estadual de Saneamento Básico (CETESB). Reaberto no ano passado, o equipamento está sendo ampliado e recebe 100% dos resíduos da cidade, que não precisa mais enviar material para municípios vizinhos. A logística de processamento de resíduos desse aterro deve servir de modelo para a cidade de Maputo, que ainda não tem coleta e destinação adequados para os resíduos.