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Educação - Sexta-feira, 24 de Julho de 2015

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Consórcio discute a identidade do negro e o papel da mulher na sociedade e na religião

Especialista diz que religiões de matrizes africanas valorizam as mulheres, fator estreitamente relacionado à construção da identidade da mulher negra


Consórcio discute a identidade do negro e o papel da mulher na sociedade e na religião

A discussão sobre temas pertinentes à raça negra não é apenas para negros e é preciso sensibilizar toda a sociedade para esse debate. Assim, pensa a dra. em Educação, pedagoga e escritora Kiusam de Oliveira, que apresentou o Seminário “Mulher negra, identidade, ancestralidade e religiosidade do negro”, realizado na última quinta-feira (23), na sede do Consórcio Intermunicipal Grande ABC. Os seminários são organizados pelo Grupo de Trabalho Igualdade Racial, do Consórcio, com apoio do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo – Subsede Grande ABC.

Há 33 anos atuando no movimento negro, Kiusam diz que a sociedade precisa de novas estratégias para que haja uma ‘’quebra de paradigmas’’, ao observar que muitas vezes apenas a comunidade negra se dispõe a debater temas pertinentes à raça. “Precisamos sensibilizar pessoas de todas as raças a participar desse debate. Essa já foi uma discussão apenas para negros”, disse Kiusam, para expor a problemática que já se configura como tema social.

Um dos fatores para a baixa adesão de outras pessoas está ligado a origens racistas e de supremacia racial. Kiusam argumenta que este tipo de pensamento é prejudicial ao ser humano. “Falta aceitação e respeito em relação à população negra. O racismo nos impede de vermos as coisas com objetividade. Isso nos impede de valorizar culturas diferentes e de ir além das aparências”, disse.

Kiusam acredita que se a sociedade se abrir para novas culturas e novas formas de relacionamento irá facilitar a convivência entre os povos. Segundo ela, a diversidade cultural proporciona ensinamentos de valores. “Se alguns valores da matriz africana fossem inseridos em espaços como a escola, poderia haver mudanças consistentes”, ponderou. A pedagoga também citou valores ancestrais africanos presentes até hoje, como o cooperativismo.

Mulher

Fragmentos da cultura africana identificam nas mulheres a existência do mundo. Kiusam relata a existência de mitos que conclamam a mulher como responsável pela criação do universo, e que tal mito possui influências diretas de religiões de matrizes africanas. “No candomblé, uma religião matriarcal, a questão de gênero não é dualista. Tanto o homem, quanto a mulher são vistos como complementares”, lembra.

Ela defende a criação da cartilha e a realização dos seminários. “Será uma ferramenta de trabalho fundamental. Precisamos que estes documentos sejam marcos para tornar a informação mais acessível, como ferramenta de enfrentamento ao racismo”, reforçou.

Ao término dos seminários, em outubro, os membros do GT irão organizar a cartilha regional com síntese de todos os temas abordados ao longo do processo. A cartilha deverá ser lançada em março do ano que vem e a sua elaboração é uma das ações prioritárias contidas no Plano Plurianual (PPA) Regional Participativo 2014-2017 do Consórcio.

Os próximos seminários abordarão o “Protagonismo do negro”, “Juventude negra e Cultura” e os “Movimentos sociais, leis e políticas afirmativas”. Os seminários acontecerão na penúltima quinta-feira de cada mês.

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