“Avançamos em políticas públicas e ações afirmativas. Muitas conquistas estão em prática, mas a desigualdade ainda se manifesta cotidianamente no País e precisamos formar gestores que tenham a compreensão de que o machismo e o racismo pioram essa questão”. A frase da ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Matilde Ribeiro, atualmente professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), na Bahia, resume a conclusão defendida em seu livro “Políticas de Promoção da Igualdade Racial no Brasil (1986-2010)”, lançado nesta quinta-feira (4), na sede do Consórcio Intermunicipal Grande ABC.

O evento, organizado pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres de Santo André, reuniu representantes dos movimentos negro, de direitos humanos e de mulheres, além de promotoras legais populares, sindicatos, gestores públicos e integrantes do Grupo de Trabalho Gênero, do Consórcio.

A coordenadora do GT Gênero, Maria Cristina Pechtoll, lembrou que Matilde Ribeiro tem história no ABC e no Consórcio, participando ativamente, no final dos anos 1990, da articulação pela criação do Programa Casa Abrigo Regional, hoje com duas casas mantidas pela entidade. Matilde fez parte da segunda gestão do governo Celso Daniel em Santo André (1997-2000), onde assumiu a Diretoria de Gênero, Raça e Pessoa com Deficiência. “Também esteve presente na questão da promoção da Igualdade Racial na região, na criação do GT Gênero e Raça, depois desmembrado em GT Gênero e GT Igualdade Racial”, destacou Cristina Pechtoll.

Livro

A obra “Políticas de Promoção da Igualdade Racial no Brasil (1986-2010)” resgata as políticas públicas implantadas no País durante 25 anos, demarcando importantes momentos da realidade social e política brasileira, do processo pré-Constituinte ao final da segunda gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A publicação é produto da tese de doutorado de Matilde Ribeiro no Programa de Estudos Pós Graduados em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O pressuposto da tese foi de que o Movimento Negro e a organização de mulheres negras têm sido, nas últimas décadas, referências estratégicas para abertura de canais de negociações com o Estado e a sociedade, o que tem possibilitado o desenvolvimento das políticas de igualdade racial, sob a forma de ações afirmativas visando atender às necessidades históricas da população negra brasileira.