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Em uma década, rendimento médio real superou o da capital e cresceu o número de trabalhadores com carteira assinada, diz estudo especial sobre Mobilidade no Mercado de Trabalho, apresentado no Consórcio
A região do ABC confirmou sua capacidade em manter grande parte do contingente de ocupados trabalhando dentro dos seus limites territoriais. Em 2013, 77,3% do total dos ocupados trabalhavam no mesmo município de sua residência ou em outro dentro do Grande ABC (56,5% e 20,8%, respectivamente). Os dados fazem parte do estudo especial ‘’Mobilidade no Mercado de Trabalho do Grande ABC’’, apresentado hoje (12), no Consórcio Intermunicipal.
Elaborado pela Fundação Seade e pelo Dieese, em parceria com a entidade regional, o levantamento foi realizado a partir das informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED ABC). “Por ter estrutura econômica diversificada, o ABC é uma região que consegue manter a maior parte dos seus munícipes morando e trabalhando na região”, resumiu Alexandre Loloian, técnico da Fundação Seade e coordenador da PED.
Para a coordenadora do Grupo de Trabalho Mobilidade do Consórcio, Andrea Brisida, o resultado da pesquisa reforça o que o Plano de Mobilidade Regional já apontava, ou seja, que o deslocamento é intenso no ABC, confirmando o acerto das propostas regionais articuladas pelo Consórcio, que resultaram no anúncio de investimentos federais do PAC Mobilidade superiores a R$ 1 bilhão apenas na primeira etapa de obras e projetos. “São dados animadores, que mostram que precisa haver melhoria do transporte público, mas que esses investimentos devem estar concentrados aqui, na região”, destacou. O estudo especial revelou aproximadamente 3 milhões de deslocamentos diários no ABC.
Para Andrea Brisida, melhorar os investimentos em Mobilidade é essencial para que o ABC sofra menos com a alta densidade populacional. ‘’O ideal é que o tempo do deslocamento da residência para o trabalho seja reduzido, eliminando, dessa forma, os contratempos que levam ao desgaste e ao estresse’’, acrescentou a coordenadora do GT.
Segundo o estudo especial, “pode-se afirmar que, na questão da mobilidade do trabalhador, a situação do Grande ABC é comparável à do município de São Paulo no que se refere à maior independência destas localidades em manter seus ocupados em seus limites territoriais (77,3% e 95,7%, respectivamente)”.
O levantamento sugere que o resultado é fruto da estrutura econômica e social diversificada e dinâmica da região, fortemente beneficiada por alguns dos principais eixos rodoviários, como o Sistema Anchieta-Imigrantes e o trecho sul do Rodoanel, proporcionando a acessibilidade necessária para a localização de arranjos produtivos de diversas naturezas. “Os municípios que compõem a região abrigam grandes aglomerações industriais, como o Polo Petroquímico de Capuava, o Polo Industrial de Sertãozinho e a produção automobilística e de autopeças, de máquinas e equipamentos, de produtos de borracha e plástico, de produtos de metal e metalurgia básica de produtos químicos e petroquímicos, de embalagens, edição, impressão e reprodução de gravações, além de segmentos econômicos nos serviços, comércio e construção civil”, reforça o estudo.
No levantamento, os dados dos sete municípios foram comparados com os do município de São Paulo, e demais municípios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), bem como foram apresentadas as alterações entre 2004 e 2013.
Mercado de Trabalho
Também foram apresentados indicadores de mercado de trabalho e suas principais transformações nos últimos dez anos (2004 – 2013). No Grande ABC, o contingente de desempregados passou a ser estimado em 141 mil pessoas, em 2013, 97 mil a menos em relação a 2004. Este comportamento deveu-se à criação de 189 mil ocupações, número superior ao de pessoas que passaram a fazer parte da População Economicamente Ativa – PEA (92 mil), nesse período. Com isso, a taxa de desemprego retraiu-se de 18,3%, em 2004, para 10,1%, em 2013, queda de 8,2% na taxa.
O ABC destacou-se pela forte concentração de mão de obra na Indústria de Transformação. Em 2013 esse setor respondeu por 26,2% dos ocupados da região, contra 16,9% da Região Metropolitana de São Paulo, 13,7% do município de São Paulo e 19% do restante da Região Metropolitana exceto ABC e capital. “A indústria ainda é o setor que mais absorve mão de obra dentro do ABC, e a região é muito mais industrial que todas as demais”, disse Alexandre Loloian.
O crescimento do emprego assalariado, entre 2004 e 2013, fez com que sua proporção no total de ocupados do ABC passasse de 64,8% para 73,5%, o maior porcentual de assalariamento entre as sub-regiões analisadas (município de São Paulo e conjunto dos demais municípios que compõem a Região Metropolitana de São Paulo). O porcentual do emprego assalariado com carteira de trabalho assinada cresceu de 45,0% do total de ocupados para 57,8%, enquanto o do emprego sem carteira diminuiu de 12,4% para 7,9%, no mesmo período.
A proporção do emprego assalariado no setor público mostrou leve aumento, ao passar de 7,4% para 7,9%. Já as formas de ocupação não assalariadas tiveram redução da participação no total de ocupados: a parcela de trabalhadores autônomos diminuiu de 19,1% para 14,0%, a de trabalhadores domésticos decresceu de 7,6% para 4,8% e a das demais posições ocupacionais (dono de negócio familiar, trabalhador familiar sem remuneração, profissional universitário autônomo e empregador) reduziu-se de 8,5% para 7,7%, no período.
Ao mesmo tempo, o rendimento médio real do total de ocupados e o dos assalariados, na Região do ABC, apresentaram a maior elevação (33,7% e 22,3%, respectivamente), entre 2004 e 2013, constatando-se a maior valorização no rendimento se comparado ao município de São Paulo e às demais cidades da Região Metropolitana de São Paulo. Seus valores monetários (R$ 2.130 e R$ 2.148) também passaram a ser os mais elevados em relação aos da RMSP e das divisões territoriais analisadas. ‘’O ABC não só viu o crescimento do trabalho como também do rendimento’’, concluiu Loloian.