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Taxa de desemprego também caiu entre as mulheres de 11,9% para 11,1%, o menor desde 1998
Pelo segundo ano consecutivo a presença de mulheres no mercado de trabalho na região do ABC aumentou, chegando a 54,1% em 2013, contra 53,6% em 2012. Os dados foram divulgados hoje (6) pela Fundação Seade e Dieese, durante a apresentação do Estudo Especial “A Inserção Feminina no Mercado de Trabalho na Região do ABC em 2013”, elaborado em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC. A divulgação, na sede da entidade, marca as comemorações do Dia Internacional da Mulher, no próximo sábado, dia 8, e foi acompanhada pelo Grupo de Trabalho Gênero, do Consórcio.
Comparada à de outros países, a taxa de participação feminina na região é maior do que a da Itália (37,9%), França (51,1%) e Espanha (51,6%). Entre os homens, a participação no mercado de trabalho no ABC permaneceu praticamente estável, passando de 69,9%, em 2012, para 70,0% no ano passado.
Segundo o levantamento, o desemprego também diminuiu entre as mulheres, caindo de 11,9% para 11,1% no mesmo período, enquanto a taxa de desemprego total dos homens cresceu de 8,9% para 9,2%. “É a menor taxa de desemprego entre as mulheres de toda a série histórica da pesquisa, criada em 1998”, lembrou Márcia Guerra, analista da Fundação Seade, responsável pela apresentação. A retração da taxa de desemprego refletiu a elevação do nível de ocupação (mais 18 mil ocupações) que superou a expansão da força de trabalho feminina na região (mais 15 mil trabalhadoras).
A taxa de ocupação aumentou em todos os setores de atividade econômica analisados: na Indústria (4,5%), no Comércio (6,7%) e em Serviços (2,4%). “Nos serviços (que absorve 66% do total de postos de trabalho ocupados pelas mulheres), cresceu a ocupação em alojamento e alimentação, por exemplo, mas diminuiu em serviços domésticos, ocupação menos valorizada. Hoje o comércio e o telemarketing vêm empregando essas mulheres, deixando os serviços domésticos para as mais velhas e com menor escolaridade”, explicou Márcia Guerra.
Para a analista “a mudança cultural é lenta, mas vem ocorrendo”. A mesma opinião foi compartilhada pela coordenadora do Grupo de Trabalho Gênero do Consórcio, Maria Cristina Pechtoll, para quem a pesquisa é importante para mostrar onde estão as mulheres no mercado de trabalho na região e apontar os rumos das políticas públicas. “O grande desafio é dar condições para as mulheres terem autonomia e isso passa pelo emprego”, ressaltou. Para a coordenadora do GT, “se queremos um desenvolvimento econômico digno, ele tem que ser digno para homens e mulheres”.
Outro ponto positivo registrado na pesquisa foi o crescimento do emprego com carteira assinada para as mulheres em 9,9%, enquanto para os homens essa ampliação da formalização ficou em 5,2%. “Não é só a ocupação, a formalização também está aumentando. Pela primeira vez mais de 50% das mulheres (52,%) têm carteira assinada, situação que para os homens já era registrada há tempos”, disse a analista do Seade.
Transformações
Segundo o estudo especial o “movimento de maior inserção da mulher no mercado de trabalho é resultado da dinâmica econômica e das transformações nas relações familiares, que paulatinamente vêm alterando o modelo de família baseado no homem como chefe de família e provedor, criando novas dinâmicas nas relações de seus membros com o mercado de trabalho. É na família que as possibilidades de cada um inserir-se no mundo do trabalho são decididas, com base não apenas na conjuntura econômica, mas também nas relações de gênero e de idade, posição na família e atribuições domésticas segundo a composição familiar. Além disso, têm-se o aumento da capacitação das mulheres para melhor se inserirem no mundo do trabalho e o crescimento da sua escolaridade, que é maior em comparação ao dos homens”.
Rendimentos
Apesar dos avanços, as mulheres continuam ganhando menos do que os homens. Em 2012, o rendimento médio real das mulheres ocupadas na Região do ABC equivalia a R$ 1.533 e o dos homens correspondia a R$ 2.461. Entretanto, como a jornada semanal média de trabalho dos homens (44 horas) é maior do que a das mulheres (39 horas), o rendimento médio real por hora foi estabelecido como a medida mais apropriada para comparar esses segmentos.
Em 2013, o valor hora foi de R$ 9,18, para as mulheres ocupadas, e R$ 13,07 para os homens, ficando, respectivamente, 0,4% e 0,5% superiores àqueles registrados em 2012. Essa semelhança no comportamento dos rendimentos praticamente não alterou a diferença entre o recebido por ambos os sexos: em 2012, o rendimento médio por hora das mulheres correspondia a 70,3% do recebido pelos homens, proporção que passou para 70,2%, em 2013.