O mês de novembro foi marcado pela terceira retração consecutiva da taxa de desemprego no ABC, que passou de 12,5%, em outubro, para os atuais 12,2%. Com ritmo semelhante ao mês anterior, o setor de Comércio gerou 12 mil postos de trabalho, emplacando uma recuperação gradativa iniciada em agosto deste ano. São agora mais de 231 mil pessoas empregadas, fazendo de novembro o mês em que o setor mais contratou na série histórica (em julho de 2011, havia o mesmo número de ocupados). As informações são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED ABC), realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, divulgada nesta terça-feira (22) na sede da entidade regional.
O contingente de desempregados na região foi estimado em 171 mil pessoas, 2 mil a menos do que no mês anterior. Este resultado decorreu do crescimento do nível de ocupação (geração de 14 mil postos de trabalho, ou 1,2%), em número superior ao aumento da População Economicamente Ativa – PEA (12 mil pessoas entraram na força de trabalho da região, ou 0,9%).
Entre outubro e novembro, nos domínios geográficos para os quais os indicadores da PED são calculados, a taxa de desemprego total manteve-se relativamente estável na Região Metropolitana de São Paulo (de 14,3% para 14,1%) e nos demais municípios da RMSP, exceto a capital (de 14,5% para 14,6%), reduzindo-se no município de São Paulo (de 14,1% para 13,8%).
Na Região do ABC, o contingente de ocupados aumentou em 1,2%, passando a ser estimado em 1.228 mil pessoas. Setorialmente, esse resultado decorreu dos acréscimos do nível de ocupação no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (5,5%, ou geração de 12 mil postos de trabalho) e na Indústria de Transformação (1,1%, ou 3 mil) – com destaque para o segmento da metal-mecânica (1,5%, ou 2 mil) – e da relativa estabilidade nos Serviços (0,2%, ou 1 mil). O assessor técnico do Dieese, Thomaz Ferreira Jensen, destacou o crescimento do setor de Comércio que desde agosto apresenta dados expressivos no número de ocupados. “Analisamos uma recuperação espantosa iniciado no início do segundo semestre deste ano. Este resultado pode estar ligado às recentes inaugurações de unidades na região, período em que temos muitas contratações provisórias para as festas de fim de ano”, sustentou.
Outro setor que tem mostrado sinais de recuperação é o segmento da metal-mecânica, que cresceu 2 mil, ou 1,5%, na passagem de outubro para novembro. O economista citou medidas governamentais como o Plano de Proteção ao Emprego, em vigor desde 7 de julho deste ano, e a adesão ao benefício por parte das empresas do setor de autopeças instaladas na região.
“O PPE foi fundamental para frear as demissões no ABC. Isto está segurando o emprego, caso contrário, o resultado poderia ser pior, dado o momento adverso pelo qual passa a economia e, que por sua vez, tem reflexo direto na Indústria de Transformação”, avaliou, lembrando o desempenho do programa tanto formal quanto informalmente.
Segundo posição na ocupação, o número de assalariados cresceu 0,9%. No setor privado, aumentou o contingente de empregados com carteira de trabalho assinada (1,1%) e retraiu-se o sem carteira (-6,6%). No setor público, o número de assalariados elevou-se em 9,7%. No mês em análise, aumentaram os contingentes de autônomos (3,6%) – com crescimento dos que trabalham para o público (4,1%) e, em menor proporção, dos que trabalham para empresas (1,4%) – e dos ocupados nas demais posições (4,1%).
Em novembro, a média de horas semanais trabalhadas reduziu-se entre os ocupados e os assalariados (de 41 para 40). Também diminuiu a proporção dos que trabalharam mais de 44 horas semanais entre os ocupados (de 27,4% para 26,7%) e assalariados (de 23,5% para 23,1%).
Entre setembro e outubro de 2015, elevaram-se os rendimentos médios reais de ocupados (0,9%) e assalariados (1,1%), que passaram a equivaler a R$ 2.052 e R$ 2.147, respectivamente. Aumentou a massa de rendimentos dos ocupados (1,5%), em decorrência da elevação do rendimento médio real, uma vez que o nível de ocupação manteve-se relativamente estável. A massa de rendimentos dos assalariados permaneceu praticamente estável (0,1%), em função do aumento do salário médio real e da redução do nível de emprego em proporções semelhantes.
Thomaz Jensen lembra que este foi apenas o segundo avanço da massa de rendimento ao longo do ano, a primeira havia sido registrada na passagem de fevereiro para março. “Este é um componente delicado para a região. Após sucessivas quedas vemos o impacto que a crise tem sobre o rendimento. Uma vez afetada, requer mais tempo para se recuperar”, disse. Segundo o economista, este período de estagnação tende a ser persistente, mas não pode ser visto como um retrocesso.
Comportamento em 12 meses
Em novembro de 2015, a taxa de desemprego total na Região do ABC (12,2%) ficou acima da observada no mesmo mês de 2014 (10,3%). Em termos absolutos, o contingente de desempregados ampliou-se em 25 mil pessoas, como resultado da retração do nível de ocupação (eliminação de 41 mil postos de trabalho, ou -3,2%), movimento atenuado pela redução da População Economicamente Ativa – PEA (16 mil pessoas saíram da força de trabalho da região, ou -1,1%). Thomaz Jensen explica que o desgaste do mercado de trabalho provocado pelo momento de instabilidade econômica no país poderia ter sido acentuado. “O mercado de trabalho demonstrou certa resiliência, o que é um dado positivo. O mercado de trabalho no ABC soube se segurar para não se configurar em uma crise social, ainda vemos contratações e a expectativa voltar a crescer”, analisou.
Entre novembro de 2014 e de 2015, o nível de ocupação diminuiu 3,2%. Sob a ótica setorial, tal resultado decorreu das reduções na Indústria de Transformação (-15,4%, ou eliminação de 48 mil postos de trabalho) – com destaque para o segmento da metal-mecânica (-21,6%, ou -38 mil) – e nos Serviços (-2,5%, ou -17 mil), apenas parcialmente compensadas pelo aumento no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (16,7%, ou geração de 33 mil postos de trabalho).
O nível de assalariamento reduziu-se em 8,3% nos últimos 12 meses. No setor privado, diminuíram os contingentes de assalariados com e sem carteira de trabalho assinada (-10,1% e -9,6%, respectivamente). O emprego público cresceu 6,3%. No período em análise, elevaram-se os números de autônomos (10,3%) – com expansão dos que trabalham para o público (33,3%) e retração dos que trabalham para empresa (-33,0%) – e dos ocupados nas demais posições (32,9%).
Entre outubro de 2014 e de 2015, retraíram-se os rendimentos médios reais de ocupados (-7,0%) e assalariados (-6,2%). Também contraíram-se as massas de rendimentos reais dos ocupados (-10,1%) e dos assalariados (-14,8%), em ambos os casos, devido às reduções nos rendimentos médios reais e no nível de ocupação.
Grande ABC