O mês de junho, que costuma vir acompanhado por estabilidade e redução do número de desempregados, apresentou ligeiro crescimento da taxa de desemprego na região, que passou de 12,7%, em maio, para os atuais 13,0%. O resultado negativo foi puxado pela Indústria de Transformação, embora o Comércio tenha gerado 7 mil (3,4%) postos de trabalho (3,4%), e o setor de Serviços tenha apresentado relativa estabilidade, ao gerar 1 mil postos de trabalho, ou 0,2%. As informações são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED ABC), realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, e divulgada hoje (24) na sede da entidade regional.
O contingente de desempregados foi estimado em 181 mil pessoas, 1 mil a mais do que no mês anterior. Este resultado decorreu das reduções do nível de ocupação (eliminação de 28 mil postos de trabalho, ou -2,3%) e da População Economicamente Ativa – PEA (saída de 27 mil pessoas na força de trabalho da região, ou -1,9%). ‘’O movimento é considerado inesperado para o período’’, constatou o economista e coordenador da PED, Alexandre Loloian, responsável pela apresentação dos dados. Para o técnico, a redução da PEA evitou resultados ainda mais críticos. “Fazendo um balanço, só não foi pior porque em junho a taxa de atividade se reduziu de forma expressiva”, disse.
As perspectivas para os próximos meses são incertas, segundo o economista. O técnico lembra que o segundo semestre marca a etapa de retomada do nível de ocupação. ‘’Aqui no ABC há uma tendência de queda do contingente de desempregados no segundo semestre. Mas, não é possível garantir se a tendência se aplicará para o atual cenário’’, argumentou.
Entre maio e junho, nos domínios geográficos para os quais os indicadores da PED são calculados, a taxa de desemprego total elevou-se na Região Metropolitana de São Paulo (de 12,9% para 13,2%) e no Município de São Paulo (de 12,5% para 13,5%) e diminuiu nos demais municípios da RMSP, exceto a capital (de 13,5% para 12,8%).
Na Região do ABC, o contingente de ocupados retraiu-se em 2,3%, sendo estimado em 1.210 mil pessoas. Setorialmente, o Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas cresceu 3,4%, gerando 7 mil postos de trabalho. Serviços, por outro lado, gerou 1 mil (0,2%) empregos, mantendo estabilidade. O técnico lembrou que no início do primeiro semestre de 2015, esse setor representava entre 52% e 54% dos ocupados na região. “Embora tenha se reduzido a progressão do volume de ocupados no ramo de Serviços nas últimas divulgações, ele ainda tem representatividade expressiva dentro da região”, ponderou.
A Indústria de Transformação foi o setor que mais contribuiu para a redução do contingente de ocupados. ‘’A indústria está concentrada no ABC. Por conta desta especificidade, o impacto é proporcionalmente maior’’, explicou ao analisar a eliminação de 28 mil postos de trabalho (-9,1%), sendo 18 mil do segmento metal-mecânica, ou -11,2%. O ramo de Construção, novidade na divulgação após mudanças metodológicas na pesquisa, apresentou retração de 5 mil, ou -6,3%.
Segundo posição na ocupação, o número de assalariados reduziu-se em 3,5%. No setor privado, retraíram-se os contingentes de empregados sem carteira de trabalho assinada (-6,7%) e com carteira (-2,6%). No setor público, diminuiu em 7,8% o número de assalariados. No mês em análise, ampliou-se o número de autônomos (4,6%) – com destaque para os que trabalham para o público (8,6%) – e reduziu-se o contingente dos ocupados nas demais posições, incluindo empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração, profissionais liberais, etc. (-4,9%).
Em junho, a média de horas semanais trabalhadas permaneceu estável entre os ocupados (40) e diminuiu entre os assalariados (de 41 para 40). A proporção dos que trabalharam mais de 44 horas semanais aumentou para os ocupados (de 25,9% para 27,1%) e assalariados (de 22,6% para 23,5%).
Entre abril e maio de 2015, retraíram-se os rendimentos médios reais de ocupados (-2,6%) e assalariados (-3,3%), que passaram a equivaler a R$ 2.116 e R$ 2.149, respectivamente. Também contraíram-se as massas de rendimentos de ocupados (-2,6%) e assalariados (-5,0%), no primeiro caso, devido à redução dos rendimentos médios reais e, para os assalariados, em decorrência de decréscimo do salário médio real e do nível de emprego. Loloian alertou para as implicações negativas que a retração da remuneração pode ter sobre trajetória dos ocupados. ‘’A perda do poder de compra pode impactar o Comércio e o Serviço, podendo refletir nas contratações’’ ressaltou.
COMPORTAMENTO EM 12 MESES
Em junho de 2015, a taxa de desemprego total na Região do ABC (13,0%) ficou acima da observada no mesmo mês de 2014 (9,7%). Em termos absolutos, o contingente de desempregados ampliou-se em 45 mil pessoas, como resultado da redução do nível de ocupação (eliminação de 51 mil postos de trabalho, ou -4,0%) e da saída de pessoas da População Economicamente Ativa – PEA (-6 mil, ou -0,4%).
Entre junho de 2014 e de 2015, o nível de ocupação diminuiu pelo décimo mês consecutivo, nessa base de comparação (-4,0%). Sob a ótica setorial, tal resultado decorreu das reduções na Indústria de Transformação (-9,1%, ou eliminação de 28 mil postos de trabalho) – com destaque para o segmento da metal-mecânica (-13,9%, ou -23 mil) – e nos Serviços (-5,0%, ou -33 mil), não compensadas pelo crescimento no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (4,4%, ou geração de 9 mil postos de trabalho) e na Construção (2,8%, ou 2 mil).
Apesar do assalariamento ter reduzido 6,4% nos últimos 12 meses, o técnico defendeu que ‘’o ABC não está virando um lugar de empregos ruins’’. No setor privado, diminuíram os contingentes de assalariados com e sem carteira de trabalho assinada (-6,4% e -7,8%, respectivamente). O emprego público retraiu-se em 4,1%. No período em análise, elevaram-se o número de autônomos (3,0%) – com expansão dos que trabalham para o público (14,0%) e redução dos que trabalham para empresa (-7,2%) – e o dos ocupados nas demais posições (6,5%).
Loloian destacou que em períodos de baixa remuneração, o número de autônomos tende a crescer. ‘’Diante de cenários desfavoráveis, muitas pessoas recorrem a atividades alternativas para contribuir com o orçamento familiar. Geralmente, é sob esta condição em que o número de autônomos dispara’’, relatou.
Entre maio de 2014 e de 2015, retraíram-se também o rendimento médio real dos ocupados (-6,3%) e, em menor proporção, o dos assalariados (-0,9%). Diminuíram as massas de rendimentos reais dos ocupados (-9,7%) e dos assalariados (-5,7%), em ambos os casos, devido a reduções nos rendimentos médios e no nível de ocupação.
Grande ABC