A taxa de desemprego total do ABC apresentou pequena oscilação, passando de 10,6%, em maio, para 10,9% em junho. O resultado, embora apresente ligeiro crescimento, veio acompanhado de uma redução do nível de ocupação de 2,9%, refletindo principalmente a eliminação de 41 mil postos de trabalho no setor de Serviços. “O resultado não é ruim, mas as causas que levaram a isso preocupam, por se concentrar no segmento de Serviços, que vinha segurando o nível de ocupação na região”, avaliou o técnico da Fundação Seade, Alexandre Loloian, durante a divulgação da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/ABC), realizada hoje (31), na sede do Consórcio Intermunicipal Grande ABC.
O estudo é produzido mensalmente pela Fundação e pelo Dieese, em parceria com o Consórcio. Loloian lembrou que a redução da ocupação em um mês de junho surpreende, uma vez que “normalmente as empresas estão iniciando as contratações nesse período”. Segundo o analista, embora a PED reflita a situação de insegurança econômica do País, não há nenhum sinal de que teremos tempos piores até o fim do ano. “As projeções para os próximos meses indicam pequenas oscilações na taxa de desemprego”, disse.
O contingente de desempregados na região foi estimado em 150 mil pessoas, mil a mais do que no mês anterior. Esse resultado decorreu da redução do nível de ocupação (eliminação de 36 mil postos de trabalho) e da saída de um número semelhante de pessoas da força de trabalho da região (menos 35 mil). “A redução do nível de ocupação só não se refletiu no desemprego porque também as pessoas saíram do mercado de trabalho”, explicou Loloian.
Entre maio e junho, a taxa de desemprego total manteve relativa estabilidade na RMSP (de 11,4% para 11,3%) e nos demais municípios da RMSP, exceto a capital (de 12,5% para 12,6%) e reduziu-se ligeiramente no município de São Paulo (de 10,5% para 10,2%).
Na Região do ABC o contingente de ocupados foi estimado em 1,225 milhão de pessoas. No detalhamento da queda do nível de ocupação (em 2,9%), segundo os principais setores de atividade econômica, a principal redução ocorreu nos Serviços (-6,2%, ou eliminação de 41 mil postos de trabalho) e no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (-1,8%, ou -4 mil), elevou-se na Indústria de Transformação (1,7%, ou criação de 5 mil postos de trabalho). Nesse segmento, chamou a atenção positivamente o crescimento da indústria Metal-mecânica (8,7%, ou 14 mil).
Segundo posição na ocupação, o número de assalariados variou negativamente (-0,4%). No setor privado, aumentou o emprego sem carteira de trabalho assinada (4,2%) e oscilou negativamente aquele com carteira (-0,3%). No mês em análise, o contingente de autônomos retraiu-se em 6,9%.
Entre maio e junho, não variou a média de horas semanais trabalhadas pelos ocupados (41) e assalariados (42). Já a proporção dos que trabalharam mais do que 44 horas semanais diminuiu ligeiramente entre os ocupados (de 31,1% para 30,6%) e elevou-se entre os assalariados (de 27,7% para 28,5%).
Entre abril e maio, diminuíram os rendimentos médios reais de ocupados (-0,8%) e assalariados (-0,6%), os quais passaram a equivaler a R$ 1.957 e R$ 2.045, respectivamente. Pouco variou a massa de rendimentos dos ocupados (-0,3%) e aumentou a dos assalariados (1,0%). Tal resultado deveu-se, no caso dos ocupados, à redução do rendimento médio, uma vez que oscilou positivamente o nível de ocupação e, no dos assalariados, ao crescimento do nível de emprego, já que houve pequena variação negativa do salário médio real.
Comportamento em 12 meses
Em junho de 2013, a taxa de desemprego total na Região do ABC (10,9%) ficou ligeiramente menor do que a observada em junho de 2012 (11,2%). Nesse período, a taxa de desemprego aberto diminuiu de 9,2% para 8,8%. Em termos absolutos, a redução do contingente de desempregados em 6 mil pessoas foi resultado da saída de 20 mil pessoas da força de trabalho da região, número superior ao decréscimo do nível de ocupação (14 mil). A taxa de participação diminuiu de 62,1% para 60,8%, no período analisado.
Entre junho de 2012 e de 2013, o nível de ocupação reduziu-se em 1,1%, desempenho inferior ao dos últimos quatro meses, nessa base de comparação. Sob a ótica setorial, tal resultado decorreu da retração do contingente de ocupados na Indústria de Transformação (-11,1%, ou eliminação de 38 mil postos de trabalho), não compensada pelo aumento no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (5,8%, ou criação de 12 mil postos de trabalho) e nos Serviços (1,3%, ou 8 mil).
O assalariamento total aumentou 3,2% na comparação de 12 meses. No setor privado, elevou-se o número de empregados com carteira de trabalho assinada (6,3%) e retraiu-se o daqueles sem carteira (-9,2%). No período em análise, diminuiu o número de autônomos (-7,9%).
Entre maio de 2012 e de 2013, cresceram os rendimentos médios reais de ocupados (3,3%) e assalariados (5,7%). Também se expandiram as massas de rendimentos reais de ocupados (6,2%) e assalariados (8,5%), em ambos os casos, devido à elevação do nível de ocupação e, principalmente, do rendimento médio real.
Grande ABC