O Parque Tecnológico de Santo André será um instrumento para estruturação do Polo Tecnológico do Grande ABC. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (11) durante a 73ª Assembleia Geral do Consórcio Intermunicipal, na sede da entidade. O objetivo é criar uma rede de instituições e equipamentos, públicos e privados, incluindo também iniciativas que já estão em curso nas sete cidades ou vêm sendo alvo de pesquisas nas universidades. Dentro dessa articulação e governança regional, o papel central será da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, como braço do Consórcio para assuntos voltados à economia.
O presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, ressaltou que o alcance do Polo Regional ultrapassa questões específicas de cada segmento industrial. “Nossa preocupação é com toda a cadeia produtiva, não com empresas em específico”, afirmou.
O Parque Tecnológico de Santo André teve seu credenciamento definitivo no Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec) em janeiro deste ano, tendo como entidade gestora do empreendimento a Agência de Desenvolvimento Econômico. Para a vice-prefeita de Santo André, Oswana Fameli, a decisão da assembleia é um marco. “Hoje, estamos oficialmente inaugurando a regionalização do Parque Tecnológico, levando o ABC para um novo rumo”, declarou.
Para a implementação do projeto, é imprescindível a participação e fortalecimento do Consórcio e da Agência como instituições de coordenação, defendeu Oswana Fameli. Entre os desafios do projeto, a vice-prefeita listou a articulação regional e o desenvolvimento de uma rede da inovação que interligará as diversas iniciativas já existentes nas sete cidades. “O objetivo é incluir o Polo Tecnológico na pauta de ações do Consórcio. Também estamos elaborando um evento em provavelmente em maio ou junho para consolidar essa regionalização”, disse.
O secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Giovanni Rocco, ressaltou que a promoção de um seminário sobre o empreendimento vai contribuir para aperfeiçoar a implementação do projeto. “Temos mais de 20 parques tecnológicos no país, inclusive alguns privados. Precisamos trazer esses atores para o ABC, pois a experiência de especialistas vai contribuir para os próximos passos que devemos tomar e até mesmo para a captação de recursos”, explicou.
Para a viabilização dos recursos destinados ao empreendimento, os municípios consorciados buscarão viabilizar a emenda parlamentar do deputado estadual Luiz Turco, de novembro do ano passado, solicitando o repasse de R$ 14 milhões do orçamento paulista para reforma e adaptação do prédio que receberá a sede do Polo. “A promoção da articulação para liberação de recursos, seja do Estado ou da iniciativa privada, é fundamental para consolidarmos o projeto e sua segmentação”, declarou Oswana Fameli.
A vice-prefeita disse que o Polo Regional tem como proposta gerar um espaço para discussão, reflexão e construção de possibilidades comuns, lembrando que cada a munícipio já tem suas próprias iniciativas na questão tecnológica. “O Polo não será apenas mais um Parque Tecnológico. Estaremos todos debaixo do mesmo guarda-chuva, com braços dos municípios, de acordo com suas vocações”, disse.
Apex-Brasil
Os prefeitos receberam, também, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), David Barioni Neto, que falou sobre iniciativas de fomento como o Projeto Extensão Industrial Exportadora (PEIEX). O executivo assumiu o compromisso de aproximação do órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) com a região.
“Por meio do PEIEX, capacitamos as empresas que querem exportar. O objetivo é estimular a competitividade e promover a cultura exportadora nas empresas, qualificando e ampliando os mercados para as indústrias iniciantes neste segmento”, afirmou Barioni Neto. Na região, o programa PEIEX, executado pela Fundação Vanzolini, firmou um acordo de cooperação com a Agência de Desenvolvimento do Grande ABC, para promoção da iniciativa com as empresas da região.
O presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, colocou os municípios à disposição para colaborar com a Apex-Brasil e também para recepcionar equipes da agência. “Dentro de uma governança regional institucionalizada, a Apex pode ser uma grande parceira estratégica na nossa região”, afirmou.
O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico e prefeito de Mauá, Donisete Braga, declarou que as propostas da Apex-Brasil vão contribuir para o fortalecimento das exportações na região e para criar uma condição motivadora para os empresários. “A tentativa é buscar a equação, um sentimento de inspiração motivadora para fortalecer as indústrias e, consequentemente a isso, apresentar para a região a perspectiva de crescimento para que saiamos dessa crise que nos tem incomodado muito”, disse.
O presidente da Apex-Brasil manifestou a intenção da entidade de estar mais presente no ABC, por meio do apoio a um número maior de empresas na região. De acordo com dados da Apex-Brasil, a entidade apoiou 119 empresas da região do ABC em 2015, totalizando exportações de US$ 662,5 milhões. “O valor representa 1,45% das exportações totais do Estado de São Paulo e 13,47% das exportações do ABC. Queremos melhorar esses números” disse.
David Barioni Neto cogitou ainda a criação de um escritório da Apex-Brasil no ABC, estabelecendo uma relação mais próxima da entidade com a região, e a participação de empresas das sete cidades em missões realizadas em outros países. “Já atendemos a região, mas ainda há muito que fazer no apoio às empresas. Podemos ajudar capacitando as empresas para exportação. A Apex pode levar, depois, esses negócios para eventos mundiais e ajudá-los em um de nossos nove escritórios pelo mundo a abrir filiais fora do Brasil”, explicou.
Plano Diretor Regional
O primeiro produto do Termo de Cooperação Técnico Científico (TCTC) envolvendo o Consórcio Intermunicipal Grande ABC e Universidade Federal do ABC (UFABC), para elaboração do Plano Diretor Regional foi apresentado durante a assembleia mensal de prefeitos na manhã de hoje (11). O coordenador do trabalho pela Universidade, Jeroen Klink, expôs a fase atual, de diagnóstico e os desafios futuros, uma vez que o cronograma prevê entrega do projeto até o início do próximo ano.
Já foram realizadas visitas técnicas, coleta, levantamento e análise de dados, conversas com gestores das sete cidades, além de cruzamento com pesquisas da UFABC. O resultado foi a definição de conteúdo em sete capítulos e anexos, levando em conta a caracterização do território do ABC, a reestruturação produtiva e a nova economia regional com seus desafios, a estruturação urbano-regional (centralidades, eixos e polos) a questão ambiental e os instrumentos para o planejamento e gestão do território.
“A legislação que norteia o uso e ocupação do solo nem sempre é articulada e apresenta lógica sistêmica no ABC. Portanto, existe um desafio importante para a próxima etapa do trabalho”, disse Jeroen Klink, exemplificando as dificuldades do estudo. Entre os temas emergentes o coordenador destacou justamente a regulação do uso e ocupação do solo como função pública de interesse comum; trabalhar os conflitos e convergências e inserir o Plano Diretor Regional no espaço urbano e metropolitano.
Foto: Divulgação/Agência GABC
Grande ABC