Consórcio pedirá esclarecimento sobre restrição à coleta de amostra de sangue de suspeitos de dengue

Saúde - Terça-feira, 15 de Março de 2016


Consórcio pedirá esclarecimento sobre restrição à coleta de amostra de sangue de suspeitos de dengue

O Consórcio Intermunicipal Grande ABC, por meio do Grupo de Trabalho Saúde, pedirá esclarecimentos à Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), vinculada à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, sobre comunicado que estabelece restrição à coleta de novas amostras de sangue de casos suspeitos de dengue. Enquanto aguardam detalhes, os municípios continuarão realizando normalmente a coleta de amostras, informou o coordenador do GT e secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno Duarte.

“A posição do GT é solicitar uma explicação mais detalhada do CCD, que alega haver insuficiência de kits para fazer a sorologia dos exames. No entanto, os exames são necessários”, disse o coordenador do GT.

O pedido de esclarecimento será debatido também na próxima semana na Comissão Intergestores Regional (CIR), constituída pelos secretários municipais de Saúde locais e representantes do governo do Estado, e posteriormente na Comissão Intergestores Bipartite (CIB), instância colegiada de decisão do Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo.

Homero Duarte ressaltou que limitar os exames a casos graves e a pacientes internados, como orienta comunicado do CCD, deve ainda afetar o diagnóstico de zika e chikungunya, que podem ser feitos por exclusão da dengue. “Não é o momento para suspender as sorologias. Precisamos dos exames para identificar as zonas mais afetadas para planejar as ações de combate ao mosquito Aedes aegypt”, explicou.

Para o coordenador do GT, o órgão estadual também precisa esclarecer quais serão os critérios para análise clínica, uma vez que não será feita a sorologia. "Pediremos parâmetros de avaliação clínica para que haja uniformidade em toda a rede", disse.

Comunicado

O comunicado divulgado pela Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), da Secretaria de Estado da Saúde, foi enviado ontem (14) a todos os municípios paulistas, informando que em virtude da contingência de kits para diagnóstico de dengue e a impossibilidade de atender a demanda represada “há necessidade imediata de se estabelecer critérios para o uso dos kits disponíveis”.

Segundo o documento, assinado pelo coordenador do CCD, Marcos Boulos, a coordenadoria definiu “o quantitativo e os municípios para os quais serão realizados os exames com base em cálculo de número de amostras represadas, número de amostras positivas e número de amostras positivas necessárias para que o município atinja a incidência para corte de sorologia”. Por esse critério, o número de amostras a serem processadas no ABC (Grupo de Vigilância Epidemiológica - GVE 7) é inferior a 50, diante de um total de casos suspeitos ainda não analisados que supera 1.800 amostras de sangue coletadas nos municípios até a 8ª semana epidemiológica (27 de fevereiro).

Por fim, o órgão define os novos critérios para o uso dos kits, como segue:

1 – Todos os casos graves internados e óbitos, suspeitos de dengue, devem ser notificados e as amostras devem ser enviadas para o Instituto Adolfo Lutz Central;

2 – O uso de testes tem o objetivo único de selecionar amostras positivas para monitoramento de sorotipos circulantes e não para atendimento da rotina de diagnóstico laboratorial da rede (como vinha ocorrendo até agora);

3 – As coletas de novas amostras deverão ocorrer somente para os casos graves, óbitos e casos suspeitos de municípios que ainda estão classificados como silenciosos (na região, apenas Rio Grande da Serra).

Casos confirmados

O número de casos confirmados de dengue, de 1º de janeiro a 14 de março deste ano, subiu para 174, de acordo com levantamento atualizado pelo Instituto Adolfo Lutz. Foram feitos 780 testes, restando ainda aproximadamente 500 testes de coletas de sangue já enviadas pelos municípios e ainda represadas pelo órgão estadual. Os dados divulgados em 2 de março apontavam que de 599 testes realizados até então, sendo que 116 tiveram  resultado positivo para a doença.

Os dados não incluem casos de Diadema, que possui sistema próprio de análise junto ao Adolfo Lutz. Dos 174 casos confirmados como dengue, 56 estão em Mauá, 50 em Santo André, 36 em São Bernardo do Campo, 24 em São Caetano do Sul, 6 em Ribeirão Pires e 2 em Rio Grande da Serra. Em média, o índice de casos positivos na região subiu de 19,3% na primeira divulgação, para 22,3% atualmente.

ABC contra o Aedes

Nesta terça-feira (14), durante reunião da Sala de Situação, que ocorre semanalmente no Consórcio, o coordenador do GT Saúde, Homero Nepomuceno Duarte, fez um balanço da segunda ação deste ano da Campanha Regional de Combate ao Mosquito da Dengue. A mobilização foi realizada no último sábado (12), nas proximidades do Jardim Zaíra, em Mauá, área de divisa com os municípios de Santo André e São Paulo.

A iniciativa na região, que possui mais de 100 mil habitantes, recebeu mais de 500 agentes de saúde em visitas a residências e estabelecimentos comerciais, para conscientizar a população sobre a importância de eliminar os criadouros do mosquito. Em Mauá, mais de cinco mil residências foram visitadas pelos agentes, enquanto em Santo André, o total de visitas chegou a quase 11 mil imóveis, sendo 8,3 mil vistoriados (os demais estavam fechados).

“Nosso desafio para as próximas edições é tentar superar a quantidade de pessoas atingidas pelas ações do último sábado. O esforço de todas as equipes envolvidas mostrou que trabalho educativo e visitas casa a casa são complementares para conscientizar a população sobre a importância de combater o Aedes”, afirmou Homero Duarte.

As ações integradas vêm sendo promovidas pelo Consórcio Intermunicipal Grande ABC desde o final de setembro de 2015, com realização da primeira mobilização na divisa entre Diadema e São Bernardo do Campo. No dia 30 de janeiro ocorreu o primeiro mutirão conjunto deste ano. A próxima atividade regional está prevista para abril.

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