Consórcio encerra série de seminários de enfrentamento ao racismo

Cultura - Quinta-feira, 22 de Outubro de 2015


Consórcio encerra série de seminários de enfrentamento ao racismo

A importância dos movimentos sociais e das políticas afirmativas no combate ao racismo foi o tema do seminário realizado nesta quinta-feira (22), na sede do Consórcio Intermunicipal Grande ABC. O evento marcou o fim de uma série de seis encontros de debates sobre o enfrentamento do preconceito e das desigualdades raciais. Todas as informações serão reunidas em uma cartilha regional, cujo lançamento está previsto para março de 2016.

Após a abertura realizada pelo coordenador do GT Igualdade Racial Wellington da Silva Bento, a Mestra em Ciência da Religião na área de Teologia e História pela Universidade Metodista de São Bernardo do Campo, Eliad Dias dos Santos, fez um panorama histórico do papel do negro na sociedade brasileira, desde o início da escravidão. Eliad lembrou como surgem e qual é a função das ideologias e explicou as razões principais pelas quais o racismo é tão persistente no Brasil.

“A ideologia é uma ferramenta de opressão, para tentar naturalizar algo que não é natural. Isso foi feito em relação à população negra: com todo o histórico da escravidão, associou-se o negro a algo ruim, ao atraso, enquanto o europeu imigrante inspirava modernidade, boas novidades”, disse.

A palestrante também defendeu maior identificação entre a população negra e mostrou como as diferentes sociedades reforçam o racismo. “Nos Estados Unidos só existem brancos ou negros, sem gradações. Aqui temos uma hierarquização cromática que nos afasta um do outro: negro mais claro, mais escuro e daí por diante. Como o negro tem menos oportunidades, empregos e salários menores, os valores capitalistas reforçam o preconceito, deixam a discussão ainda mais polarizada”, afirmou.

Eliad lembrou ainda que, ao contrário do que pensam as gerações mais novas, as ações afirmativas começaram muito antes da segunda metade do século XX. “A resistência se deu de várias formas, variando com o tempo. Tivemos os quilombos, a Revolta da Chibata e o Teatro Experimental Negro, por exemplo. Foram expressões não apenas políticas, mas também de cultura e arte” explicou.

A palestrante ressaltou que as crenças de que o racismo já acabou no Brasil e que o país é uma democracia racial perfeita prejudicam o combate ao preconceito. “O negro sabe que ainda enfrenta racismo em seu cotidiano, que tem menos chances. Mesmo entre pessoas que defendem o nosso movimento é comum encontrar o discurso racista, expresso em pequenos atos falhos” destacou.

Nos seminários anteriores, os temas abordados haviam sido ‘’Escravismo e Resiliência’’, ‘’Raça e Racismo’’, ‘’Mulher negra, identidade, ancestralidade e religiosidade do negro’’, ‘’Protagonismo do Negro’’ e ‘’Cultura e Juventude Negra’’. O coordenador do GT Igualdade Racial, Wellington da Silva Bento, lembrou que as discussões vão continuar no dia 5 de novembro, às 18h, na sede do Consórcio, quando o Diretor e Coordenador da Comissão de Igualdade Racial do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC José Laelson de Oliveira, o Leo Superliga, vai comandar uma palestra sobre o racismo nas relações de trabalho, em celebração ao Mês da Consciência Negra.

Consórcio Intermunicipal


Grande ABC