Segundo dados mais recentes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), no Estado de São Paulo estão instaladas 12.959 indústrias químicas, sendo que até 2012, 1.330 só no ABC. Os dados confirmam a tese de que a região se consolidou como um dos maiores Polos Petroquímicos do país. O Consórcio Intermunicipal Grande ABC em parceria com a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, braço do Consórcio para assuntos de desenvolvimento econômico, têm promovido ações para fortalecer a indústria química na região, responsável por empregar mais de 10 mil trabalhadores da região. No entanto, os produtos químicos merecem atenção especial por conta de serem tóxicos à saúde humana e prejudiciais ao meio ambiente. Como forma de mobilizar as equipes das Defesas Civis das sete cidades sem interferir na condução das refinarias e empresas do ramo, integrantes do Grupo de Trabalho Defesa Civil deram início às discussões sobre a criação de uma Comissão Regional para tratar dos perigos e cuidados relacionados à produtos químicos, na manhã desta quinta-feira (18), na sede do Consórcio.
A Comissão de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida à Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos do Estado de São Paulo, ou, simplesmente, CEP2R2/SP, com atuação em outros 15 Estados, recomendou ao GT instalar uma comissão dedicada à discussão e capacitação de modelos de gestão e corpo técnico na prevenção e resposta à tragédias envolvendo substâncias químicas. O Analista Administrativo do Setor de Atendimento a Emergências, Marco Antônio José Lainha, defende a existência de uma comissão exclusiva no ABC por conta de sua condição de pólo petroquímico e por ser fonte de recursos naturais. ‘’Considero a região do ABC como de alta fragilidade devido à grande quantidade de empresas do ramo químico instaladas por aqui. Isso requer uma discussão mais contundente quanto às questões de logística e não vejo lugar ideal, do que o Consórcio para tratar deste tema de amplo interesse’’, ponderou
Segundo o analista, a questão de logística de rodovias é imprescindível para reduzir o impacto de vazamentos de produtos químicos. ‘’Devemos pensar no transporte destes produtos, muitos deles, corrosivos e prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Há ocorrências assustadoras. Precisamos estar juntos para municiar informações e trocar experiências de forma que possamos controlar o fluxo de transportes e recomendá-los a pegar rotas que ofereçam menor perigo às suas vidas e a todo o ecossistema’’, propôs.
Entre 1978 a dezembro de 2014, a Cetesb registrou 10.044 ocorrências emergenciais ligadas ao vazamento de produtos químicos, mas, para Marco Antônio José Lainha, o número não representa a gravidade e dimensão dos impactos causados pelas substâncias químicas. ‘’ Se temos um acidente na serra, envolvendo uma carreta que transportava um composto químico qualquer, por exemplo, o chamamos de acidente químico ampliado, já que o produto químico acaba por ser transportado pelos canais naturais da serra até desaguar nos nossos rios. Seria inviável pensar em eliminar a substância que se alastra no meio hídrico sem antes desinfetar os perímetros da serra. O solo contaminado pode ser um desastre’’, disse.
Ele citou exemplo icônico do desastre ambiental de Cataguases (MG), acidente ocorrido em março de 2003, e que se originou de um rompimento na estrutura do reservatório utilizado pela Indústria Cataguases de Papel. O vazamento de resíduos de fabricação de papel resultou na contaminação dos rios Pomba e Paraíba do Sul, originando prejuízos tanto à população quanto à natureza.
Membro do GT, Luiz Antônio Neves Costa deu parecer favorável à criação de uma comissão para discussão do tema e para troca de experiências. ‘’Esse foi o início do processo para discussão sobre a criação de uma comissão regional. Nossa iniciativa pretende envolver outros GTs nesta ação, além de fortalecer as ações integradas, uma característica já presente em nossa região’’, disse em alusão ao Plano de Auxílio Mútuo Regional entre os sete municípios, que permite ações conjuntas entre as equipes de Defesa Civil do ABC para a contenção de prejuízos. A questão sobre a instalação da comissão para emergências químicas P2R2 deverá ser retomada e definida na próxima reunião ordinária dos membros do GT.
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