Uma negociação que teve à frente os prefeitos da região, por meio do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, deve pôr fim à greve dos coletores que já dura nove dias e causa transtornos aos 2,7 milhões de moradores das sete cidades. Depois de duas tentativas de negociação sem sucesso no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os chefes dos Executivos apresentaram hoje (31) proposta de conciliação bem recebida por representantes de trabalhadores e empresários da coleta de lixo. A proposta prevê reajuste de 9,50% sobre salários e benefícios, retroativo a 1º de março, além de aplicação de reajuste pelo INPC acrescido de 1% de aumento real para março de 2016. Os trabalhadores terão garantia de emprego por 90 dias, e horas paradas pagas, mas devem compensar até 50% dessas horas.
As propostas, negociadas na tarde de hoje (31), durante reunião na Prefeitura de Santo André, serão apreciadas em assembleias dos funcionários marcadas para entre a noite de hoje (31) e a manhã desta quarta-feira (1º/04) nos municípios. Elas envolvem, também, cinco empresas de coleta de lixo que atuam na região.
Caso as assembléias referendem o acordo, está previsto o retorno imediato ao trabalho, sendo que a normalização da coleta deverá levar entre três e sete dias, conforme a situação em cada cidade. “Juntamos as três partes envolvidas no processo: o sindicato dos funcionários, os empresários do setor e as prefeituras. Mais uma vez o Consórcio serve como referência que deve valer para as negociações em todo o Estado de São Paulo”, afirmou o presidente do Consórcio e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão.
A paralisação dos coletores, iniciada em 23 de março, atinge aproximadamente 130 municípios em todo o Estado, onde os coletores e garis se declararam em estado de greve. Os trabalhadores reivindicavam 11,73%, enquanto a primeira proposta dos empresários do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana do Estado de São Paulo (Selur) oferecia 7,68%. No Grande ABC, a greve atinge os sete municípios e envolve 700 trabalhadores. Para o prefeito de Santo André, Carlos Grana, a grande novidade da proposta foi a segurança dada às partes no que diz respeito à data base de 2016. “Esperar o julgamento é prejuízo para todos. Com a participação dos prefeitos foi possível chegar a um entendimento”, disse.
Já o prefeito Lauro Michels, de Diadema, destacou a postura dos prefeitos em buscar uma solução para o impasse. “O lixo está trazendo um problema de saúde pública para as cidades. E isso em um período de epidemia de dengue em todo o Estado”, ressaltou. A participação decisiva dos prefeitos, por meio do Consórcio, também foi lembrada pelo prefeito de Mauá, Donisete Braga. “Mais uma vez o ABC consegue buscar sua unidade e servir de referência para outras regiões. O indicativo de 9,5% seguirá também para acabar com a greve em outras regiões”, afirmou.
Também participou da negociação, no Paço de Santo André, o prefeito Paulo Pinheiro, de São Caetano do Sul. Representando o prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides, esteve presente o secretário de Meio Ambiente, Gerson Goulart, enquanto o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, foi representado na negociação pelo Secretário de Serviços Urbanos do município, Tarcísio Secoli.
Sindicato
Roberto Alves da Silva, presidente do Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Manutenção de Áreas Verdes Públicas e Privadas de São Bernardo do Campo, Diadema, São Caetano do Sul, Santo André, Mauá e Ribeirão Pires (Siemaco ABC), disse, após o encontro com os prefeitos, que a entidade levaria a proposta de conciliação para as assembléias. “O reajuste não é o que queríamos, mas é uma proposta decente que vamos levar ainda hoje aos trabalhadores”, disse.
Grande ABC