Empresários do Grande ABC debatem ações para fortalecimento industrial

Administração - Quinta-feira, 26 de Março de 2015


Empresários do Grande ABC debatem ações para fortalecimento industrial

O Consórcio Intermunicipal Grande ABC recebeu na manhã desta quinta-feira (26), empresários e representantes de instituições da região para debater ações de fortalecimento da indústria local e nacional, durante a primeira reunião do APL Ferramentaria do ABC neste ano. O encontro contou com série de apresentações relacionadas ao tema, com a participação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Para abrir a programação, o coordenador técnico do Projeto de Adensamento e Complementação Automotiva no Âmbito do Mercosul (Focem Auto), Alexandre Amissi, apresentou os resultados da primeira fase da ação, realizada no ABC por meio de parceria entre ABDI, Consórcio Intermunicipal e Agência de Desenvolvimento Econômico GABC. Das 88 pequenas e médias empresas participantes em quatro países – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – 25 indústrias estão na região, sendo parte do setor de ferramentaria.

Em 2013 e 2014, as empresas participaram de processo de “Extensão Tecnológica”, com a realização de oficinas de “Boas Práticas”, rodada de negócios, seminário, entre outras atividades. Após o diagnóstico de pontos a serem melhorados em cada uma das indústrias, foram executadas 80 horas de consultorias individualizadas, utilizando técnicas de lean manufacturing (produção enxuta).

Entre os resultados obtidos nas empresas do ABC estão aumento de 50% da disponibilidade das máquinas, que amplia a eficiência da utilização dos equipamentos; aumento de 83% do uso de 5S, metodologia que emprega melhorias no ambiente de trabalho, de modo geral; 31% do aumento da produtividade; 68% de redução do NVAA, aumentando o tempo de trabalho para gerar valor agregado aos produtos; 59% de queda no tempo de preparação das máquinas para produção; e 53% de redução de não conformidades, que diminui, por consequência, custos extras para corrigir erros da produção.

“O projeto conseguiu adicionar capacidade produtiva às empresas beneficiárias. A partir de agora, entraremos na fase de inovação, que irá prepará-las para o futuro. Esse é o momento de investir”, explicou Amissi que destacou, entre outros pontos que contribuíram para a boa execução do projeto, a “maleabilidade de considerar as diferentes necessidades das empresas dos quatro países para atender a demanda das participantes durante as consultorias”.

O Secretário Executivo do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Luis Paulo Bresciani, ressaltou a importância do Focem Auto para as empresas da região. “Tivemos conquistas ao longo dessa batalha, mas ainda temos longo caminho a percorrer com todos os ciclos e contraciclos que virão. Somos o terceiro maior polo industrial do país. O quarto maior PIB nacional. São poucas as regiões que possuem essa relevância e a nossa estrutura de governança”, afirmou.

Na avaliação do Secretário Executivo da Agência GABC, Giovanni Rocco, os resultados indicam que os projetos de fortalecimento das indústrias na região, com destaque às pequenas e médias empresas da cadeia produtiva de automóveis, são essenciais para gerar competitividade do ABC no mercado nacional e global. “Trabalhamos em projetos importantes em parceria com instituições como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Sebrae e ABDI, com apoio do Consórcio Intermunicipal, para estimular a inovação nos processos. São mudanças simples, que muitas vezes o empresário nem sabe que é um tipo de inovação, que fazem toda a diferença. Estamos aqui para ajudar nisso”, declarou.

Neste ano, o Focem Auto terá continuidade. Serão realizadas na segunda fase do projeto atividades de especialização tecnológica, direcionadas a engenheiros das empresas participantes. Também será promovido curso de “projeto de inovação tecnológica”, para preparar as participantes a estruturarem propostas de inovação. Esses projetos elaborados no curso serão utilizados em “Rodada Tecnológica”, que reunirá universidades, empresas, agências de fomento e instituições tecnológicas para que as ideias sejam concretizadas. 

Inovar-auto em pauta

A proteção ao mercado nacional envolvendo toda a cadeia produtiva do setor automotivo também foi destaque na reunião. Membro do APL Ferramentaria, o empresário Carlos Manoel de Carvalho falou sobre as recentes mudanças da política industrial no país e a importância do envolvimento do setor para influenciar a pauta de medidas adotadas pelo governo.

Entre as conquistas já obtidas por meio dessa articulação estão a Lei que criou o novo Regime Automotivo, o decreto que estabeleceu a rastreabilidade do conteúdo local de componentes dos veículos produzidos no país e a publicação da Portaria Interministerial 318/2014, que definiu as etapas de produção do ferramental e autorizou às montadoras a reversão de investimento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Engenharia para o setor, em créditos para desconto no IPI.  

“As mudanças regulam de maneira equilibrada as relações entre ferramentarias e clientes. A portaria possibilitou chegarmos ao mesmo patamar de negociação, já que a estratégia das montadoras era de importar o ferramental. Nosso setor só existe por conta de uma imensa articulação política e só o manteremos se tivermos o compromisso de todos”, afirmou Carvalho, relembrando que o país é o 4º maior mercado de automóveis do mundo, mas classificado como 7º maior em produção.

O Especialista em Políticas Públicas e Negociação Coletiva, Fausto Augusto Junior, da Subseção do Dieese no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, apresentou panorama em relação às novas políticas econômicas do Governo Federal, contextualizando as medidas às expectativas do mercado nacional. Entre os pontos comentados está a política cambial e medidas de proteção à indústria brasileira em relação a competição internacional de produtos importados de países como a China.

Dentro da discussão sobre as políticas econômicas do país e sobre a necessidade de fortalecimento da indústria, o consultor sênior em captação de recursos e estruturação de projetos, José Manoel Baltar da Rocha, apresentou possibilidades de financiamento e linhas de crédito acessíveis em instituições de fomento como a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal. 

(Fonte/Foto: Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC)

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