Municípios pedem maior protagonismo na agenda climática

Educação - Quinta-feira, 24 de Setembro de 2015


Municípios pedem maior protagonismo na agenda climática

Uma ação interdisciplinar dos Grupos de Trabalho do Consórcio Intermunicipal Grande ABC reforçou o compromisso dos municípios para a elaboração de políticas públicas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Durante o seminário ‘’Mudanças Climáticas e o papel dos Governos Locais’’, os gestores públicos puderam debater iniciativas e experiências no enfrentamento aos efeitos provocados pela ação do homem no meio ambiente. Iniciativa do GT Meio Ambiente, o evento aconteceu na sede da entidade regional nesta quinta-feira (24).

O seminário teve o objetivo de sensibilizar os municípios para a criação de uma agenda climática regional. Para isso, foram mobilizados membros de cinco GTs: Meio Ambiente, Defesa Civil, Habitação, Educação e Resíduos Sólidos. O coordenador do GT Meio Ambiente, João Ricardo Guimarães Caetano, propôs a elaboração de uma política de mudanças climáticas regional no ABC. ‘’Precisamos incluir os municípios nas discussões sobre mudanças climáticas. Neste sentido podemos ser inovadores e implementar uma política regional no ABC. Não podemos aguardar o Ministério do Meio Ambiente ou o governo do Estado nos direcionar, precisamos ser protagonistas nesta linha de frente’’, esclareceu.

Segundo o coordenador, tanto as políticas promovidas pelo Ministério do Meio Ambiente quanto às propostas pelo governo do Estado não contemplam os municípios dentro de suas diretrizes. Os gestores públicos iniciaram a elaboração de proposta que lista as ações para o enfrentamento de mudanças climáticas que deverá ser apresentada aos prefeitos.

O Diretor de Programas e Projetos do Consórcio, Hamilton Lacerda, defendeu o envolvimento dos municípios na discussão do tema. ‘’ Este é um evento inédito porque a discussão de políticas públicas voltadas para a mudança climática é um tema distante dos municípios. Este é um desafio que devemos abraçar para então apontar caminhos que nos levem a políticas públicas inéditas. Não podemos perder essa ousadia’’, declarou.

O ICLEI (International Council for Local Environmental Initiatives), entidade global que reúne mais de mil governos locais ao redor do mundo, participou do seminário. ‘’São as cidades os grandes protagonistas. Embora o efeito seja global, as mudanças são locais. Eis o nosso objetivo: auxiliar as cidades a serem autossustentáveis’’, explicou a Secretária Executiva do ICLEI, Jussara de Lima Carvalho.

O Diretor Presidente do ICLEI, Pedro Roberto Jacobi, alertou para as conseqüências. ‘’A deterioração do meio ambiente causa muita incerteza. Não sabemos quais podem ser as consequências para os seres humanos se esse processo não for interrompido’’, advertiu.

Um dos temas abordados foi ‘’Adaptação e Resiliência nas Cidades’’. A coordenadora do GT Defesa Civil, Débora Diogo apresentou experiências de países e cidades que conseguiram se adaptar aos impactos gerados pelas mudanças climáticas. ‘’O tremor que atingiu o Chile neste mês tinha capacidade para provocar centenas de milhares de mortes. O governo demonstrou capacidade de adaptação e resiliência. As pessoas perderam bens, mas preservaram a vida’’, disse em referência ao terremoto de 8,3 graus que atingiu o país chileno há cerca de duas semanas.

Outro exemplo de adaptação dado pela coordenadora foi o dos japoneses. O Japão está localizado em uma região com alta incidência de tsunamis, e devido ao desastre ocorrido em março de 2011, que culminou na morte de aproximadamente 19 mil pessoas, o governo japonês decidiu construir muralhas de 12,5 metros de altura na costa noroeste do país para minimizar o impacto de possíveis maremotos. ‘’Os japoneses ainda são vulneráveis, mas, em contra partida, são o povo mais resiliente no mundo’’, afirmou.

Consórcio Intermunicipal Grande ABC


Santo André