Grande ABC fortalece integração regional em simpósio sobre esporte e lazer

Com a presença de gestores públicos, pesquisadores, professores, estudantes e profissionais do esporte e do lazer, o Grande ABC debateu durante três dias políticas públicas, práticas corporais, intercâmbio de experiências e estratégias integradas de gestão.

Realizado de quarta (3/12) a sexta-feira (5/12), em São Bernardo do Campo, o 7º Simpósio de Esporte e Lazer promoveu conferências, mesas temáticas, oficinas, minicursos e apresentação de trabalhos científicos, colocando em evidência a importância da cooperação intermunicipal para garantir o acesso universal ao esporte e ao lazer como direitos sociais.

Com o tema “Políticas para lazer e esporte em municípios e regiões metropolitanas: conteúdos, espaços e equipamentos”, o evento foi pensado como uma oportunidade para gestores municipais, profissionais do setor, pesquisadoras e pesquisadores, estudantes e demais interessados participarem ativamente da construção de políticas públicas ligadas ao esporte, lazer e inclusão.

O encontro contou com apoio do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, das sete prefeituras, da Universidade Federal do ABC (UFABC), da Universidade de São Caetano do Sul (USCS) e do Serviço Social do Comércio (Sesc).

O diretor de Programas e Projetos do Consórcio ABC, Luiz Zacarias, participou da atividade e destacou a necessidade da construção de políticas públicas de esporte e lazer que dialoguem com a realidade dos municípios e ampliem o acesso da população.

“A articulação regional é decisiva para que possamos enfrentar desafios comuns e promover iniciativas mais inclusivas, qualificadas e intersetoriais”, afirmou.

Programação

A programação teve início com a conferência do professor Nelson Carvalho Marcellino, que abordou os desafios e perspectivas da gestão pública em contextos metropolitanos, destacando a necessidade de políticas integradas e enraizadas na realidade dos territórios.

Em seguida, a mesa “Políticas Públicas Municipais de Esporte e Lazer” reuniu secretários das sete cidades para apresentar um retrato do trabalho desenvolvido pelas prefeituras na área, além de discutir avanços regionais, financiamento, infraestrutura, gestão compartilhada e participação social.

A roda de conversa “Juventudes, Corpos e Territórios”, mediada pelo professor Edmur Antonio Stoppa, reuniu representantes de coletivos que atuam com juventudes e práticas corporais no território, como a Associação Atlética da UFABC, coletivo Rosanegra Ação Direta e Futebol, Associação Skate de Diadema (ASD), grupo Pedal Quase Parando e a Academia de Futebol Feminino (ACAFF). O diálogo destacou a importância das iniciativas comunitárias para a formação cidadã e a ocupação dos espaços públicos.

O segundo dia de programação ofereceu oficinas de capoeira, pilates, brincadeiras intergeracionais, taekwondo, voleibol adaptado e esporte de rua, explorando práticas corporais diversas com foco em inclusão, valorização cultural e formação cidadã.

No período da tarde, a mesa “Da Formação à Excelência: como as políticas públicas de esporte e lazer podem formar atletas cidadãos?” apresentou experiências que transitam entre base, participação e alto rendimento. A medalhista de tênis de mesa Mônica Doti, da Prefeitura de Santo André, relatou sua atuação no desenvolvimento da modalidade em diferentes faixas etárias. A professora Ivonete Miranda, da Associação AMAB Girafinhas (AMAB), de Mauá, compartilhou práticas de formação de base no basquete. A jogadora Talita, de Diadema, apresentou sua trajetória no futsal feminino e seu impacto na formação esportiva local.

Outros debates destacaram a intersetorialidade, com participação de especialistas como Ana Moser, ex-jogadora de vôlei e ex-ministra do Esporte. Na mesa, ela apresentou o Movimento Mais Esporte, lançado recentemente em Brasília, iniciativa que busca estimular o debate nacional, mobilizar distintos setores e apoiar a construção de políticas públicas coordenadas para o esporte e a atividade física. A discussão reforçou a importância da articulação entre saúde, educação, assistência social e cultura corporal para ampliar o acesso e qualificar as políticas voltadas à população.

À noite, os minicursos abordaram ferramentas e metodologias voltadas ao planejamento, avaliação e inclusão nas políticas de lazer. O professor Reinaldo Tadeu Boscolo Pacheco, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), apresentou o trabalho pioneiro desenvolvido na universidade sobre parques urbanos, incluindo um instrumento de diagnóstico e prognóstico aplicado gratuitamente em municípios da capital.

No curso sobre natação adaptada, foi destacada a experiência do Centro de Referência Esportiva e Educacional do Bairro Assunção (CREEBA), em São Bernardo, referência no atendimento a pessoas com diferentes deficiências.

O professor Douglas Andrade, da EACH-USP, apresentou ainda a experiência de construção de um projeto submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), elaborado em parceria com as Secretarias Municipais de Esporte e de Saúde do Grande ABC. O projeto foi aprovado na primeira etapa do edital e está em análise final.

O último dia contou com a apresentação de trabalhos científicos e o lançamento de um e-book com produções de edições anteriores do simpósio. O evento foi encerrado com a conferência “Lazer, Esporte e Atividade Física: conexões globais e locais em perspectiva da saúde e bem-estar”, conduzida pelo professor Ricardo Ricci Uvinha, da EACH-USP, pesquisador do Grande ABC.

Durante sua fala, o pesquisador apresentou referenciais teóricos sobre lazer, tendências globais e pesquisas desenvolvidas na USP, abordando ainda a importância do universo digital nas discussões contemporâneas sobre lazer, citando estudos sobre metaverso, autismo e outras pesquisas em andamento.