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Pesquisa de Emprego e Desemprego - Quinta-feira, 05 de Março de 2015

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Presença feminina no mercado de trabalho cresce pelo terceiro ano consecutivo no ABC

Presença feminina no mercado de trabalho cresce pelo terceiro ano consecutivo no ABC


Presença feminina no mercado de trabalho cresce pelo terceiro ano consecutivo no ABC

O mercado de trabalho na região do ABC em 2014 foi melhor para a mulher do que para o homem. A presença feminina nesse mercado cresceu pelo terceiro ano consecutivo, sendo que sua taxa de participação aumentou de 54,1%, em 2013, para 54,4%, em 2014. Para os homens esse indicador permaneceu praticamente estável (de 70,0% para 69,8%), ao mesmo tempo em que confirmou que eles continuam muito mais presentes no mercado de trabalho. No mesmo período, a taxa de desemprego total elevou-se para ambos os sexos, mas de forma mais intensa entre os homens (de 9,2% para 9,9%) do que entre as mulheres (de 11,1% para 11,5%).

Os dados foram divulgados na tarde de hoje (5), durante apresentação do Boletim Especial “A Inserção Feminina no Mercado de Trabalho na Região do ABC em 2014”, elaborado pela Fundação Seade e pelo Dieese, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC. A divulgação marca a passagem do Dia Internacional da Mulher, comemorado no próximo domingo, 8 de março.

“A taxa de participação feminina no ABC é maior do que a da Itália (37,9%) e parecida com a da França (51,1%), Espanha (51,6%), Alemanha (53%) e Portugal (56,5%)”, destacou a técnica da Fundação Seade, Márcia Halben Guerra, responsável pela apresentação da pesquisa. Para a técnica, embora a taxa de desemprego tenha aumentado também para as mulheres, o ano foi positivo. “A proporção de ocupações com carteira assinada aumentou e o rendimento médio real por hora também”, ressaltou.

Segundo o estudo, o aumento do desemprego para ambos os sexos foi reflexo do maior número de pessoas que entraram no mercado de trabalho da região em relação às vagas criadas no período. As mulheres respondiam pela maior parcela do total de desempregados, representando 50,2% desse contingente em 2014, porém com avanços em relação a 2004, quando a parcela atingiu 53,1%.

O nível de ocupação permaneceu em relativa estabilidade (0,2%) tanto para as mulheres como para os homens. Dessa forma, as mulheres continuaram representando 46,0% do total de ocupados na região do ABC, em 2014, mesma proporção observada em 2013.

Entre elas, cresceu o número de ocupações somente nos Serviços (3,9%), setor que abriga proporção elevada de mulheres. “É nos Serviços que as mulheres mais estão, porque é lá que também estão as ocupações /papéis atribuídos a elas pela sociedade”, lembrou Márcia Guerra. Entre os homens, o crescimento ocorreu nos Serviços (6,9%) e na Construção (3,1%).

A formalização das relações de trabalho ampliou-se apenas para as mulheres no setor privado com carteira assinada (2,3%), pois o setor público permaneceu estável. Já o rendimento médio real por hora aumentou para as mulheres em 2014 (4,7%, chegando a R$ 10,25) e diminuiu para os homens (-2,4%, ou R$ 13,61).

O comportamento diferenciado dos valores pagos para ambos aproximou os respectivos rendimentos: enquanto, em 2013, os valores médios auferidos pelas mulheres correspondiam a 70,2% dos obtidos pelos homens, em 2014, essa proporção passou para 75,3%. Na Região Metropolitana de São Paulo as mulheres ganharam 81,1% do recebido pelos homens, mas nesse caso “o crescimento no ABC colaborou para o número apurado”, disse Márcia Guerra.

Do total de ocupados na região do ABC, em 2014, 46,0% eram mulheres, proporção que não se alterou em relação a 2013. Em contrapartida, a parcela de mulheres desempregadas diminuiu de 51,3% para 50,2%, enquanto a de homens cresceu de 48,7% para 49,8%, no período em análise.

Mesmo com o crescimento de 3,6% entre 2013 e 2014, a taxa de desemprego total das mulheres tem se mantido nos menores patamares observados na série da pesquisa, refletindo não só a dinâmica econômica, mas também as transformações nas relações familiares, que paulatinamente vêm alterando o modelo de família baseado no homem como chefe de família e provedor, criando novas dinâmicas nas relações de seus membros com o mercado de trabalho.

Conforme demonstrado no estudo especial, é na família que se pautam as decisões sobre as possibilidades de cada um inserir-se no mundo do trabalho, com base não apenas na conjuntura econômica, mas também nas relações de gênero e de idade, na posição na família e nas atribuições domésticas, segundo a composição da família. Como forma de conseguir uma melhor inserção no mundo do trabalho, as mulheres têm aumentado sua escolaridade em comparação à dos homens.

GT Gênero

Para a coordenadora do Grupo de Trabalho Gênero do Consórcio, Maria Cristina Pechtoll, presente à apresentação do boletim, a evolução é pequena e não ocorre na velocidade pretendida, mas ainda assim é uma evolução. “Essas pesquisas nos embasam para planejar as políticas públicas. Se percebemos que a mulher ainda está em situação desfavorável no mercado de trabalho em relação aos homens, os gestores públicos precisam pensar em como reduzir essa diferença”, afirmou.

Márcia Halben Guerra acrescenta que a alteração do quadro desfavorável à mulher no mercado envolve também mudanças culturais, que são muito lentas. “O crescimento econômico melhorou a situação do mercado de trabalho para as mulheres, mas não foi suficiente para reduzir as desigualdades”, concluiu.

 

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