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Setor de Serviços supera expectativas e Comércio apresenta maior queda nos postos de trabalho
O balanço da Pesquisa de Emprego e Desemprego na região (PED ABC) para 2014 mostrou relativa estabilidade do nível de ocupação (0,2%), enquanto a População Economicamente Ativa (PEA) aumentou 0,9%. Em termos absolutos, foram gerados três mil postos de trabalho, número insuficiente para absorver as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho da região (12 mil), resultando no aumento do contingente de desempregados em nove mil pessoas. Os dados foram divulgados hoje (28) pela Fundação Seade e Dieese durante apresentação da pesquisa, na sede do Consórcio Intermunicipal Grande ABC.
Analisada sob a ótica setorial, a estabilidade do nível de ocupação decorreu do crescimento nos Serviços (geração de 30 mil postos de trabalho, ou 4,8%) e na Construção (3 mil, ou 3,9%) e da redução no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (eliminação de 19 mil postos de trabalho, ou -8,8%) e na Indústria de Transformação (-13 mil, ou -4,0%) – com menor intensidade na metal-mecânica (-5 mil, ou -2,8%). “Quando comparamos os resultados médios de 2013 para 2014, não foi a indústria a vilã da história. Não foi ela que contribuiu para a queda no nível de ocupação, foi o comércio, que apresentou queda desde o primeiro semestre de 2014. A Indústria apresentou um bom resultado no primeiro semestre, melhor que o mesmo período de 2013”, destacou o coordenador da PED e técnico da Fundação Seade, Alexandre Loloian.
Para o economista, o setor de Serviços segurou o nível de atividade no ABC. “Os Serviços contribuiram com a geração de 30 mil postos de trabalho. Não foi o suficiente para absorver o impacto da redução do Comércio e Reparação de Veículos Automotores e da própria Indústria, mas foi fundamental para a relativa estabilidade em 0,2% do nível de ocupação’’, acrescentou Loloian.
Nos Serviços destacaram-se os aumentos no nível de ocupação na administração pública, defesa e seguridade social; educação; saúde humana e serviços sociais (geração de 16 mil postos de trabalho, ou 9,6%), informação e comunicação; atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; atividades profissionais, científicas e técnicas (9 mil, ou 8,0%), serviços domésticos (8 mil, ou 12,8%) e atividades administrativas e serviços complementares (3 mil, ou 4,1%), enquanto houve registro de redução em alojamento e alimentação; outras atividades de serviços; artes, cultura, esporte e recreação (-5 mil, ou -3,8%) e relativa estabilidade nas atividades de transporte, armazenagem e Correio (-1 mil, ou -0,7%).
Em 2014, o total de desempregados no ABC foi estimado em 150 mil pessoas, o de ocupados em 1.256 mil e a População Economicamente Ativa – PEA em 1.406 mil. A taxa média de desemprego total elevou-se de 10,1%, em 2013, para 10,7%, em 2014. “Tivemos oito meses do ano passado com taxa de desemprego superior aos mesmos meses de 2013, o que elevou a taxa média anual”, detalhou Loloian.
O total de assalariados diminuiu ligeiramente (-0,4%), entre 2013 e 2014, resultado das reduções do emprego nos setores privado (-0,4%) e público (-2,3%). No segmento privado, manteve-se relativamente estável o número de assalariados com carteira de trabalho assinada (0,1%) e retraiu-se o daqueles que não a possuíam (-3,6%). Elevaram-se os contingentes dos autônomos (4,5%) – pelo aumento do número daqueles que trabalham para o público em geral (5,4%) e dos que trabalham para empresas (1,8%) e – dos empregados domésticos (12,8%) – pelo incremento dos mensalistas (15,7%) e diaristas (9,4%), enquanto reduziram-se o número de empregadores (-7,9%) e o daqueles classificados nas demais posições ocupacionais (-7,5%).
Entre 2013 e 2014, diminuiu a jornada média de trabalho dos ocupados, de 42 para 41 horas semanais, bem como a proporção dos que trabalharam mais do que a jornada legal de 44 horas (de 32,3% para 28,6%). Também reduziu-se a jornada média de trabalho dos assalariados (de 42 para 41 horas semanais). A porcentagem de assalariados que trabalharam mais do que a jornada legal de 44 horas semanais diminuiu de 29,6% para 25,8%, no período em análise.
Reduziram-se os rendimentos médios reais de ocupados (-2,4%) e assalariados (-2,4%), que passaram a equivaler a R$ 2.105 e R$ 2.123, respectivamente. No período em análise, o salário médio do setor privado diminuiu -2,2%, passando a equivaler a R$ 2.038. Também diminuíram os rendimentos médios dos assalariados no setor privado com carteira de trabalho assinada (-2,1%, R$ 2.132) e sem carteira (-2,8%, R$ 1.318) e dos empregados do setor público (-2,9%, R$ 2.847). Elevaram-se os rendimentos médios dos empregados domésticos (10,4%, R$ 977) e dos autônomos (4,0%, R$ 1.704).
Dezembro
A Pesquisa de Emprego e Desemprego de dezembro, realizada em parceria com o Consórcio, também foi divulgada e mostrou elevação da taxa de desemprego total no ABC, ao passar de 10,3%, em novembro, para os atuais 10,9%. O contingente de desempregados foi estimado em 154 mil pessoas, 8 mil a mais do que no mês anterior. Este resultado deveu-se à redução do nível de ocupação (eliminação de 9 mil postos de trabalho, ou -0,7%) e da relativa estabilidade da força de trabalho da região (mil pessoas a menos, ou -0,1%).
Entre novembro e dezembro, a taxa de desemprego total manteve-se relativamente estável na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP (de 9,8% para 9,9%), no município de São Paulo (de 9,6% para 9,7%) e nos demais municípios da RMSP, exceto a capital (de 10,1% para 10,2%).
Na Região do ABC, o contingente de ocupados diminuiu 0,7%, sendo estimado em 1.260 mil pessoas. Setorialmente, esse resultado decorreu de reduções na Indústria de Transformação (-4,2%, ou eliminação de 13 mil postos de trabalho) – embora com menos intensidade no segmento metal-mecânica (-3,7%, ou -6 mil) – e no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (-1,5%, ou -3 mil), apenas parcialmente compensadas pelo crescimento nos Serviços (1,5%, ou geração de 10 mil postos de trabalho).
‘’Dezembro foi um bom mês para o setor de Serviços, segmento que tem ganhado musculatura no ABC, mantendo um desempenho positivo ao longo do ano, com resultado inclusive superior às estimativas de dezembro de 2013”, analisou o coordenador da PED, Alexandre Loloian. O economista destacou o comportamento do serviço doméstico “que se superou, conseguindo manter a tendência de crescimento, algo até então impensável para a categoria''. Já no caso do Comércio a situação foi diferente, segundo o técnico da Fundação Seade. ‘’Criou-se muita expectativa em torno do Comércio para o final de 2014, mas a atividade não acompanhou o esperado. Muito devido a iniciativas do Banco Central, que incluem desde aumento da taxa de juros à diminuição do crédito’’, disse.
Segundo posição na ocupação, o número de assalariados variou negativamente (-0,4%). No setor privado, reduziu-se o emprego com carteira de trabalho assinada (-1,3%) e aumentou o sem carteira (4,3%). No mês em análise, o contingente de autônomos contraiu-se em 7,6% e o de empregados domésticos permaneceu estável.
Em dezembro, manteve-se estável a média de horas semanais trabalhadas pelos ocupados e assalariados (42 horas). A proporção dos que trabalharam mais de 44 horas semanais permaneceu praticamente estável entre os ocupados (de 30,7% para 30,6%) e não se alterou entre os assalariados (28,4%).
Entre outubro e novembro, elevaram-se os rendimentos médios reais de ocupados (3,5%) e assalariados (2,7%), que passaram a equivaler a R$ 2.075 e R$ 2.136, respectivamente. Ampliaram-se as massas de rendimentos de ocupados (3,9%) e assalariados (1,9%), em ambos os casos, devido aos aumentos dos rendimentos médios reais, uma vez que ficou praticamente estável o nível de ocupação e reduziu-se o nível de emprego dos assalariados.