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Pesquisa de Emprego e Desemprego - Quarta-feira, 30 de Abril de 2014

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Fim da contratação temporária no comércio eleva taxa de desemprego no ABC

Indústria de transformação manteve resultados positivos em março, com criação de 14 mil postos de trabalho, sendo 9 mil na metal-mecânica


Fim da contratação temporária no comércio eleva taxa de desemprego no ABC

A dispensa de trabalhadores contratados temporariamente pelo Comércio para o período de festas de fim de ano e o aumento do número de pessoas procurando uma colocação no ABC fez crescer o desemprego no mês de março. A taxa de desemprego total na região subiu de 10,3% para 11,1%, embora a Indústria de Transformação tenha apresentado resultados positivos, com a contratação de 14 mil trabalhadores, 9 mil deles no setor Metal-Mecânico. As informações foram divulgadas hoje (30), durante a apresentação da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, na sede da entidade.

Para o economista e assessor técnico do Dieese, Thomaz Ferreira Jensen, embora o fim dos contratos temporários do Comércio geralmente ocorra em fevereiro, esse ano essa movimentação foi diferenciada, com as dispensas no segmento fechando o trimestre. Além disso, a taxa de participação tem crescido, o que afeta os resultados. “Há maior contingente de pessoas procurando emprego e isso tem elevado a taxa de desemprego. Em março foram gerados 10 mil novos postos de trabalho (0,8%), no entanto, isso não deu conta de absorver os 24 mil profissionais que ingressaram no mercado (1,7%)”, observou. O número de desempregados na região foi estimado em 158 mil pessoas.

Jensen lembrou que a crise da cadeia automotiva, com as montadoras anunciando Programas de Demissão Voluntária (PDV), suspensão temporária de contrato de trabalho (lay-off) e desligamentos ainda não influenciaram os dados da PED ABC. “Pelo contrário, essa indústria teve resultado muito positivo em março, comparado a fevereiro, com criação de 9 mil postos de trabalho”.

O economista vê incertezas no comportamento do mercado de trabalho para os próximos meses. “Normalmente o mês de julho marca o começo da recuperação, mas em um ano atípico, com Copa do Mundo e eleições é difícil prever se isso irá se repetir”, afirmou. Segundo Thomaz Jensen, esse cenário pode gerar instabilidade econômica e pressionar a taxa de desemprego. Além disso, o fato de o semestre terminar mais cedo por conta da Copa traz preocupação: “Para a indústria não será bom”, analisou.

Região Metropolitana

Entre fevereiro e março de 2014, a taxa de desemprego total também aumentou na Região Metropolitana de São Paulo (de 10,6% para 11,5%), no município de São Paulo (de 10,1% para 10,7%) e nos demais municípios da RMSP, exceto a capital (de 11,3% para 12,5%).

Na Região do ABC, o nível de ocupação cresceu 0,8% e o contingente de ocupados foi estimado em 1.267 mil pessoas. Segundo os principais setores de atividade econômica analisados, houve aumento da ocupação também nos Serviços (3,8%, ou geração de 24 mil postos de trabalho) além do desempenho já citado na Indústria de Transformação (1,5%, ou 5 mil) – em especial na metal-mecânica (5,2%, ou 9 mil). A redução no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas chegou a -8,8%, com eliminação de 19 mil postos de trabalho.

Segundo posição na ocupação, o número de assalariados variou positivamente (0,4%). No setor privado, cresceu ligeiramente o emprego com carteira de trabalho assinada (0,7%) e retraiu-se o sem carteira (-4,7%). No mês em análise, o contingente de autônomos não se alterou.

Em março, diminuiu a média de horas semanais trabalhadas pelos ocupados e assalariados (de 42 para 40). A proporção dos que trabalharam mais de 44 horas semanais também se reduziu entre os ocupados (de 34,8% para 30,5%) e os assalariados (de 31,3% para 26,3%).

Entre janeiro e fevereiro de 2014, diminuiu o rendimento médio real dos ocupados (-3,3%) e aumentou o dos assalariados (1,5%), os quais passaram a equivaler a R$ 2.095 e R$ 2.124, respectivamente. Reduziram- -se as massas de rendimentos de ocupados (-5,1%) e, em menor medida, de assalariados (-0,4%). Tal resultado deveu-se, no caso dos ocupados, ao decréscimo do nível de ocupação e do rendimento médio real e, para os assalariados, à redução do nível de emprego em proporção ligeiramente maior do que o crescimento do salário médio real.

COMPORTAMENTO EM 12 MESES

Em março de 2014, a taxa de desemprego total na Região do ABC (11,1%) foi superior à observada no mesmo mês de 2013 (10,1%). Nesse período, a taxa de desemprego aberto aumentou de 8,2% para 8,6%.

Em termos absolutos, o contingente de desempregados elevou-se em 18 mil pessoas, resultado do número insuficiente de postos de trabalho criados (21 mil) para absorver as pessoas que ingressaram na força de trabalho da região (39 mil). A taxa de participação aumentou de 61,4% para 62,7%, no período analisado.

Entre março de 2013 e de 2014, o nível de ocupação cresceu 1,7%. Sob a  ótica setorial, tal resultado decorreu do aumento na Indústria de Transformação (6,3%, ou geração de 20 mil postos de trabalho) – em especial na metal-mecânica (17,4%, ou 27 mil) – e nos Serviços (0,9%, ou 6 mil) e da redução no Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas (-8,3%, ou eliminação de 18 mil postos de trabalho).

O assalariamento total permaneceu em relativa estabilidade (0,1%) na comparação dos últimos 12 meses. No setor privado, diminuiu o número de empregados com carteira de trabalho assinada (-1,2%) e cresceu o daqueles sem carteira (8,6%). No período em análise, o contingente de trabalhadores autônomos aumentou 11,4%.

Entre fevereiro de 2013 e de 2014, reduziram-se o rendimento médio real de ocupados (-1,7%) e o de assalariados (-0,8%). Pouco variou a massa de rendimentos reais dos ocupados (0,3%) e diminuiu a dos assalariados (-1,4%). Tal desempenho deveu-se, no caso dos ocupados, ao aumento do nível de ocupação, que mais que compensou a redução do rendimento médio real e, entre os assalariados, ao decréscimo do nível de emprego e, em menor medida, do salário médio real.

 

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